Ybeane Moreira
Poeta é um ser humano Sensível demais num mundo tão desumano!
Capa Textos Áudios E-books Fotos Perfil Livros à Venda Livro de Visitas Contato Links
Textos
Assumindo meus moinhos

Não me tragam flores de plástico  
nem absolvição em recibos  
minhas escolhas pesam  
como úteros cheios de pedras,  
como calçados que sangram  
a caminho do emprego.  

Ergue-se a fábrica dos "deveria":  
deveria calar,  
deveria esperar,  
deveria murchar  
no vaso certo.  

Mas eu carrego meus erros  
como tatuagens vivas:  
este filho que criei sozinha,  
esta noite que queimei por prazer,  
esta  dor que afiei  
contra meus próprios espelhos.  

Ah, pecados! São grãos  
no moinho dos meus ossos:  
trituram culpa,  
fazem farinha  
do pão que como  
sem pedir licença.  

O confessionário é meu quarto,  
meu salário mínimo,  
minha garrafa de vinho  
dividida com a Lua
e Deus, se existe,  
é a cicatriz que ri  
quando digo amém  
ao meu próprio evangelho.  

(Mulher que carrega moinhos  
vira tempestade  
e pão  
e rio  
e faca  
e santa  
e puta  
e dona)
Ybeane Moreira
Enviado por Ybeane Moreira em 09/07/2025
Copyright © 2025. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.
Comentários
Capa Textos Áudios E-books Fotos Perfil Livros à Venda Livro de Visitas Contato Links