Não me coloque na vitrine,  
nem me dê moldura de ouro  
sou rachado, torto,  
feito de restos escuros.  

Minha beleza não cabe  
nos espelhos polidos,  
nem nos sorrisos fáceis  
dos seus dias bonitos.  

Prefiro o canto da casa  
onde a poeira se acumula,  
onde ninguém me arruma  
mas onde, ao menos,  
não me confundem  
com algo que não sou.