Há quem diga que a dor  
é um país sem flores,  
onde o sol se nega a nascer  
e os dias são feitos  
apenas de espera.  

Mas eu vi gente sofrendo  
plantar jardins no peito —  
flores que nasciam tortas,  
é verdade,  
mas vivas.  

Vi lágrimas regando  
o que ainda podia crescer,  
e mãos trêmulas colhendo  
pequenos frutos de alegria  
entre os espinhos.  

Não, não é a felicidade  
dos pôr-do-sol desenhados,  
nem a dos sorrisos fáceis.  
É outra coisa:  
a coragem de rir  
quando tudo dói,  
de acender uma vela  
no meio do furacão.