Passei tanto tempo  
procurando no vento,  
nas ruas distantes,  
no tempo perdido,  
no sonho que voa  
e some no ar...  

Passei tanto tempo  
buscando em segredos  
que o mundo escondia,  
em mapas de estrelas,  
em portas fechadas,  
em versos sem fim.  

Mas tudo que era luz,  
tudo que era abrigo,  
já morava aqui:  
no silêncio que canta,  
no chão que me espera,  
no amor que não via.  

Porque às vezes a vida  
nos faz andar em círculos,  
cegos de tanto olhar  
para longe demais.  

E o que é mais sagrado  
não pede passagem
apenas habita,  
quieto e profundo,  
no centro do peito,  
onde o lar não se perde,  
onde o tempo não mente,  
onde o amor não se vai.  

(Que eu nunca mais esqueça:  
o que busco no mundo  
já nasceu dentro de mim.)