Nesta soleira onde o tempo se detém, A porta dos meus 40 anos se abre sem segredos. Lá dentro, paredes cobertas de fotografias, Cada imagem, um verso, um capítulo dos meus medos.

As molduras sussurram histórias já vividas, De sonhos perseguidos, de amores entrelaçados. Nelas, o passado se faz presente, Em cores e em preto e branco, momentos são retratados.

Não há mais trancas, nem chaves a esconder, A transparência é o véu que agora tudo veste. Cada riso, cada lágrima contida, Nas fotos, a verdadeira vida se manifesta.

Os olhares capturados pelo tempo, Revelam jornadas de luta e de descanso. A sabedoria gravada em linhas do rosto, É o mapa de um caminho antes desconjuntado.

Aos 40, a alma se despe de ilusões, E se veste das cores das experiências colhidas. As fotografias são janelas para o coração, Espelhos que refletem as vitórias e as feridas.

Não busco mais respostas atrás dessa porta, Os segredos se desfizeram em narrativas claras. Apenas caminho entre as memórias, E em cada olhar, encontro a essência das minhas marcas.

Neste álbum de vida, cada foto é uma ode, À resiliência, à alegria, à dor que aprendi a nomear. A porta dos meus 40 anos é um portal, Onde o vivido se eterniza, sem nada a ocultar.