Meu nome não é só som  
é herança de ferro e mel,  
é a assinatura de todas  
as mulheres que me carregaram  
antes que eu soubesse  
o que era ser corpo.  

Traz marés na primeira sílaba,  
traz a espinha dorsal  
de quem o pronunciou  
antes de mim  
com medo,  
com orgulho,  
com faca escondida  
sob a língua.  

Não me peçam leveza!  
Este nome é meu fardo e meu fogo:  
quando o escrevo,  
sinto os ossos  
de minhas avós  
assentirem  
ou tremerem  
dentro de mim.  

E no entanto,  
quando o sussurram  
com a doçura de quem reconhece  
o mapa da própria história,  
ele se torna asa,  
semente,  
útero.  

Meu nome é a casa  
que não escolhi,  
mas que agora  
construo  
e reconstruo  
com cada letra  
que me cabe  
e me ultrapassa.