Antes de ser templo, fui terra.  
Antes de ser sagrada, fui semente.  
Minhas curvas são rios antigos,  
Lugar que não se descreve,  
apenas se habita.  

Meu sangue é história em movimento,  
herança de mulheres que o tempo  
não apagou.  
Minha pele, fronteira e refúgio,  
guarda cicatrizes como versos  
escritos à luz de lua cheia.  

Quem me disse que este corpo é empréstimo?  
Ele é a única morada que nunca me trai.  
Mesmo quando a alma vagueia,  
ele permanece:  
raiz e asa,  
ferida e bálsamo,  
carne e poema.  

Não sou dona desta casa de ossos e estrelas,  
apenas sua hóspede mais íntima.  
E quando o silêncio vier,  
será nele que dormirei
último abraço,  
primeiro lar.