Textos
FLORES DE AÇO
Não nascemos frágeis
fomos forjadas no ventre da terra inquieta,
raízes de metal sob a pele macia.
Quando meninas, nos disseram:
"sejam rosas".
Mas nossas pétalas desabrocharam
com veias de aço temperado.
Meu corpo é um jardim insurgente:
— quadris como talhastes afiados,
— seios como capacetes floridos,
— mãos que são ao mesmo tempo
pistilos e ferramentas.
Colham-me se forem capazes:
minhas folhas cortam como lâminas,
meu néctar é ácido e doce.
Não precisamos de sol alheio
fazemos nossa própria luz
na oficina escura do útero.
Enquanto dormem,
nossas raízes perfuram concreto,
nossos caules desafiam gravidade:
crescemos na vertical do impossível.
Regamos as sementes com lágrimas de solda,
podamos os galhos mortos com tesouras de revolução.
Este jardim não é para contemplação
é guia de guerra em forma de buquê.
Oferecemos rosas aos desavisados:
cuidado com os espinhos,
são setas envenenadas
de velhas batalhas.
Não murchamos.
Quando nos cortam,
brotamos novamente
mais duras, mais retorcidas
até que o mundo compreenda
flores de aço não pedem permissão
para desabrochar.
A primavera é nossa refugiada,
e nós,
somos as eternas invasoras
dos campos bem-comportados.
Ybeane Moreira
Enviado por Ybeane Moreira em 09/05/2025
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