Ybeane Moreira
Poeta é um ser humano Sensível demais num mundo tão desumano!
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Textos
FLORES DE AÇO


Não nascemos frágeis  
fomos forjadas no ventre da terra inquieta,  
raízes de metal sob a pele macia.  
Quando meninas, nos disseram:  
"sejam rosas".  
Mas nossas pétalas desabrocharam  
com veias de aço temperado.  
Meu corpo é um jardim insurgente:  
— quadris como talhastes afiados,  
— seios como capacetes floridos,  
— mãos que são ao mesmo tempo  
pistilos e ferramentas.  
Colham-me se forem capazes:  
minhas folhas cortam como lâminas,  
meu néctar é ácido e doce.  
Não precisamos de sol alheio
fazemos nossa própria luz  
na oficina escura do útero.  
Enquanto dormem,  
nossas raízes perfuram concreto,  
nossos caules desafiam gravidade:  
crescemos na vertical do impossível.  
Regamos as sementes com lágrimas de solda,  
podamos os galhos mortos com tesouras de revolução.  
Este jardim não é para contemplação  
é guia de guerra em forma de buquê.  
Oferecemos rosas aos desavisados:  
cuidado com os espinhos,  
são setas envenenadas  
de velhas batalhas.  
Não murchamos.  
Quando nos cortam,  
brotamos novamente  
mais duras, mais retorcidas
até que o mundo compreenda
flores de aço não pedem permissão  
para desabrochar.  
A primavera é nossa refugiada,  
e nós,  
somos as eternas invasoras  
dos campos bem-comportados.  



Ybeane Moreira
Enviado por Ybeane Moreira em 09/05/2025
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