Queridas escritoras ,
Já pararam para pensar na ironia da frase "você é poetisa nas horas vagas"? A poesia, por natureza, é um ato de entrega, de desnudar a alma e de se perder em um mar de palavras. E, no entanto, a frase a associa a um tempo "vago", como se a criação artística fosse algo que se encaixa nos espaços vazios da nossa agenda.
Eu, confesso, muitas vezes me sinto assim. Nas horas que dedico à poesia, me vejo vagando por pensamentos nebulosos, buscando inspiração em lugares inesperados. É como se a musa da poesia só aparecesse quando menos espero, transformando os momentos mais simples em versos profundos.
Mas, e se a vagareza fosse, na verdade, um ingrediente essencial para a poesia? Se a falta de foco, a mente divagando, fosse o combustível que acende a chama da criatividade? Talvez a poesia não seja algo que se produz em momentos de lucidez total, mas sim um fruto da nossa própria complexidade, da nossa capacidade de sentir e de nos perder em devaneios.
A verdade é que a criação artística não segue um manual de instruções. A poesia, a pintura, a música... todas elas são expressões da alma, e a alma não se prende a regras. Ela flui, ela se transforma, ela se contradiz. E é justamente nessa contradição que reside a beleza da arte.
Então, para todas as mulheres que se sentem poetas nas horas vagas, ou vagabundas nas horas poéticas, quero dizer: celebrem essa dualidade! Permitam-se ser intensas e delicadas, racionais e intuitivas, ao mesmo tempo. A arte está dentro de vocês, esperando para ser descoberta.
Não se preocupem em ser perfeitas, em seguir um padrão. Sejam autênticas, sejam livres, sejam vocês mesmas. Afinal, a poesia mais bonita é aquela que nasce do coração, sem filtros e sem julgamentos.
Com carinho,
Uma  escritora