À beira do abismo, onde os sonhos se escondem,  
Caminho em sombras, um quase passo a dar,  
A vida que abraço, por vezes me responde,  
É um pretexto sutil para não me confrontar.

No espelho da existência, vejo o reflexo embaçado,  
Um riso que disfarça anseios profundos,  
Por trás da fachada, um coração inquieto,  
Que clama por liberdade em mundos fecundos.

A rotina se ergue como muralha imensa,  
E eu, prisioneiro de escolhas já feitas,  
Escondo meu desejo sob a névoa densa,  
Enquanto o tempo escorre em horas desfeitas.

Oh vida! Que paradoxos trazes na jornada?  
Teus caminhos tortuosos me ensinam a viver,  
Mas no íntimo anseio por uma estrada encantada,  
Onde possa ser livre e finalmente florescer.

A cada quase passo, uma verdade se revela:  
Que o que eu construí é só um véu de ilusão.  
E ao admitir que esta vida é uma aquarela,  
Desperto para o sonho que pulsa em meu coração.